segunda-feira, 13 de outubro de 2025

 

PESSOAS QUE PASSARAM POR MIM E QUE DEIXARAM SUAS MARCAS PELOS DETALHES... AMO!

Hoje, passeando pelos meus textos narrados, deparei com este, que escrevi em 29 de outubro de 2013... Uau! Quanto tempo se passou! Foi a minha percepção daquela época... Mas que ainda continua viva. Claro! Poderia acrescentar muitas pessoas aqui... Na verdade adaptei um pouco...
Falava sobre pessoas que passaram por minha vida e que deixaram suas marcas... Nunca me esqueci dessas pessoas... Umas permaneceram, outros passaram, mas deixaram muito de si e são super importantes em minha trajetória.

Postagem de 29/10/2013.

Eu sempre acho que é necessário aparecer... De alguma forma.
Não no sentido de gostar de se mostrar ou querer ser melhor que o outro... Não! Mil vezes não!...
Mas naquele sentido de não ser somente mais um no meio da multidão. Um rosto invisível, um olhar perdido, sem brilho, uma pessoa transparente... Isso não, de jeito nenhum!...

O que é isso?!... Você passar aqui nesta terra sem dar o seu ar da graça!... Que graça tem isto?!...
Sou daquela política de que algo em você tem que ficar registrado, de alguma maneira. A sua marca pessoal. A sua presença tem que ser forte e marcante. Sim esta tem que ficar.
Partindo do princípio que nosso ser aqui na terra é único. Não temos cópia. Não somos xerox de ninguém... Então algo em nós tem que ser único também. Como assim?!... Sim temos que ser especiais em alguma coisa...

Não justifica você lutar tanto para chegar a este mundo... Passar tantas intempéries pela sobrevivência, ter que lutar contra tudo o que se opõe a você e tudo que tenta te impedir de caminhar... E continuar sendo só mais um rosto perdido na multidão...
Temos que buscar aquele “que” que é só nosso. Primeiro por dentro de verdade e com sinceridade e depois por fora...

Conheço pessoas que passaram pelo meu caminho e que não me esqueço, apenas por causa daquele sorrisão aberto, dado com vontade. (Eridélcia).
Lembro-me de pessoas que cruzaram o meu caminho, com aquela delicadeza ao falar, aquela maneira educada de ser. “Há! Como é lindo a pessoa saber se comportar dessa maneira!” pensava eu... (Gisele).

Daquela pessoa, educada, meiga, sincera, alinhada, olhar direto, aquele jeito de portuguesa... "style perfect lady". (Rosária).
Lembro-me de outras que passaram por mim, pela alegria que transmitiam a cada encontro... (Alcione, Luiza, Betinha, Marinalva).
Lembro-me daquela menina com o rosto lindo, sorriso puro, um jeitinho verdadeiro e que arrastava os olhares de quase todos os rapazes do bairro com aquele jeitinho fofo de ser. E eu a achava tão bonitinha também...(Sueli).

Recordo de outras que nunca se esqueceram me parabenizar em meus aniversários, mesmo que muitas vezes esqueci os dela. Dá para esquecer uma pessoa assim?!... (Jaqueline).
Lembro-me de outras que permaneceram comigo em momentos difíceis... Tem como não lembrar?!... (Gildésia, Erika).

Lembro-me de pessoas pela maneira extravagante de ser, de se vestir... É o jeito dela, sua marca... E era linda daquele jeito! (...).

Outras que ao chegar ao trabalho, cumprimentavam com aquele BOM DIAAA! Sempre... Mesmo que muitos nem respondiam... Era um bom dia tão alegre que me contagiava... E a gente pouco se falava... (Cristina).

Nunca me esqueci do amigo de verdade, que chegou fazer pacto de fidelidade ao tempo de amizade. Acontecesse o que acontecesse, daquele tempo e daquela amizade nunca iam se esquecer. (Edmundo).

Outros que chegavam em casa de manhãzinha em pleno domingo para me acordar, somente para conversar e programar reunião do grupo jovem. Com muito sono ainda, virava para o outro lado, queria dormir mais um pouco... ouvia sua conversa que vinha da cozinha, com minha mãe "Ei dona Maria, cadê a Cidinha"?... Queria ficar um pouco mais na cama... Mas não aguentava, sua conversa me contagiava, levantava, e sempre era uma alegria. (Josué).

E aquele que sempre tocava no violão, a minha música preferida... Tocava todas que eu pedia, e ainda falava: Eu toco só para a Cidinha! Eu quase não cabia em mim rsrsr...Tem como esquecer?... (Taquinho).

Outras que se encontravam num mesmo trajeto por muitas vezes. E apesar de nunca terem se falado, porém os olhares diretos e amigáveis nos diziam que eram conhecidas de longos anos. Depois de um grande lapso temporal, ao encontrar novamente cumprimentaram-se como se amigos houvessem sido... (nunca fiquei sabendo o nome).

Daquelas que não mediam esforços para promover encontros dos amigos e colegas de trabalho, após longos anos distantes... Somente para viver a alegria do reencontro... (Pretinha).

E, em um encontro desses, lembramos daquele novo colega de trabalho que chegou arrasando corações. Tipo, moreno, alto, bonito e muitíssimo educado. Isto nos anos 80. Ele não sabia desse episódio, que ele "arrancava suspiros". E todos cairam na gargalhada... (Heraldo).

E daquele que tinha uma presença de espírito tão grande. Era tão alegre, que contagiava todos que estavam ao redor. (Dalvimar).
E daquela pessoa que sempre fazia o que você queria. Estava sempre disposto a agradar. Sendo somente grande amigo. Dá para esquecer? (Itamar).

E meu grande amigo que quando eu estava atrasada para chegar ao trabalho... Passava em sua casa, o acordava e pedia para me levar... Eu não me constrangia em pedir esse favor. Ele se levantava às pressas, pegava sua moto e me levava... Pessoa que marcou profundamente minha vida... (Rawson)

E aquele amigo que me incentivou a fazer o vestibular de Direito e ainda emprestou o valor da inscrição... Não tem como esquecer desta pessoa... (Máderson).

Lembro-me que uma vez estava em meu trabalho, eu tinha mais ou menos dezoito anos, adentrou um rapaz que eu pouco conhecia com um pequeno buquê de flores silvestres. Entregou-me, dizendo "são para você!"... Não tive tempo nem de agradecer o gesto simples e único, pois saiu rápido e nunca mais o vi... Não me esqueci desse episódio. Achei lindo!... E amei receber aquelas flores... (fiquei sabendo mais tarde, que o nome dele é Serafim).

Eh! É bem assim as pessoas que deixam suas marcas... De um jeito ou de outro... Na simplicidade ou na extravagância... Do seu jeito. Um jeito singular, só seu... Pessoas que a gente não esquece...
E assim também, vamos deixando a nossa...

Outras, porém, sentaram-se ao nosso lado, caminharam no mesmo caminho, trabalharam no mesmo lugar e não sabemos quem são...
Mas ainda assim, fica um pouquinho...


domingo, 5 de outubro de 2025

 


CINDINHA, VOCÊ É ESCRITORA?

Não sou escritora de profissão... Mas sou escritora de coração...

Daquilo que envolve minha alma, daquilo que enche os meus pensamentos e sentimentos... Das coisas vividas, das palavras não ditas, dos abraços não dados... Dos segredos não revelados; dos amores não correspondidos... Das alegrias e traumas da infância... Dos medos, das inseguranças e dos fracassos sofridos... Mas também, das alegrias e das vitórias conquistadas; das vidas entregues em minhas mãos, para ser cuidadas...

De tudo que ficou dentro de mim e que por um motivo ou outro estava escondido. Sim, foi deixado lá...

Agora lembrei de uma música de Oswaldo Montenegro, pertinente a este momento.

 Um trechinho da música: A Lista:

“Quantos mistérios que você sondava

Quantos você conseguiu entender?

Quantos segredos que você guardava

Hoje são bobos ninguém quer saber.”

HÁ,há,há... Hoje ninguém quer saber daquele segredo seu... Uau!

Sim. Quantos mistérios na caminhada, quantos segredos guardados... E o tempo passou... Envelheceu e deixou de ser mistério, deixou de ser segredo, passaram a ser história... Você descobriu que não era tanto mistério assim e que os segredos eram tão simples, que hoje são bobos e ninguém quer saber, como bem fala Oswaldo Montenegro. Rsrsrs... São apenas motivos para rir de nós mesmas... De gargalhar de nossos "segredos".  

Que vida linda! Tudo muda com o tempo! Tudo fica tão simples e tão fácil de se resolver...

Sim, gosto de escrever... Traz uma leveza na alma, traz uma cura emocional... Alarga a caminhada. Me mostra que a vida tem sua cor e beleza... Às vezes bem colorida e às vezes cinza e branco... Não deixando de ser vida, no entanto!

Começo a escrever meio triste e termino com um sorriso no rosto. Uma satisfação incrível em perceber tudo tão simples e perfeito... Tudo como uma engrenagem bem alinhada... Se moldando no tempo e no espaço.

terça-feira, 12 de agosto de 2025

MEU PAI...

"Orem ao grande Pai por seu Pai... Às vezes ele não sabe ou não soube da grandeza de sua missão aqui na terra mas a executa mesmo sem saber... Toda uma geração receberá aquilo que foi designado por Deus o nosso grande Pai, nosso provedor de tudo em todos ..."
Estas palavras acima, foram escritas por meu irmão, no grupo da família, hoje... Palavras sábias.

Pois é...
Estávamos conversando sobre nosso pai, José Vicente para uns, José padeiro para outros... e José Claudino para nós, os filhos. Homem com a cara de bravo, sem diálogo com a família, muitas vezes falava aos gritos... Homem de pouca conversa. Mas, de vez em quando conversava manso e sorria... Falava sobre histórias da vida e até contava algumas piadas...

Descobrimos tanta coisa linda, que estava diante de nossos olhos e não percebíamos...

A gente passou a vida toda focando nos problemas familiares...
Nosso pai era daqueles homens que não sabiam demonstrar sentimentos... Penso que muitas vezes deve ter chorado sozinho... Por ter que ser aquele homem forte, que precisava dar conta de oito filhos em uma época tão difícil para quase todos...

Focamos nos gritos, na falta de diálogo, nos problemas entre o casal, pai e mãe...
E esquecemos do sacrifício para dar o sustento e estudo para os filhos; era o que ele achava muito importante para nós... Onde sem condições, e ouvindo de amigos que filho de pobre não precisava estudar... Mas teimando mandou meus irmãos mais velhos para Itambacuri, na casa de seus pais, para fazer o segundo grau, pois em nossa cidade só tinha até a oitava série... Meu pai era ESFORÇADO.

Quando chegou na época dos demais continuarem, ele precisou deixar tudo e sua estabilidade como um grande comerciante, dono de uma bela padaria, e se mudar com toda a família para Governador Valadares... Começando tudo de novo. Onde deu a primeira estrutura para que todos os filhos continuassem a trajetória...

Hoje lembramos de que ele todo mês comprava uma revista Pais e Filhos, uma revista Manchete e todo ano ele adquiria um Almanaque Abril, onde continha conhecimentos gerais... Sem uma palavra, ele nos deu educação e as condições necessárias, para fazer nossos trabalhos escolares... A gente cortava aquelas lindas gravuras das revistas, para fazer cartazes e trabalhos escolares, dias das mães, dia dos pais etc...
Lembro que muitos colegas iam em nossa casa para fazer os trabalhos. A gente tinha muito material. Ele não se importava da gente recortar...

Meu pai sem dizer nada comprou uma máquina de escrever (datilografia), comprou também um manual que ensinava a datilografar... "asdfg", quem se lembra?...
E para que pudéssemos fazer os nossos trabalhos escolares. Naquela época em que essas máquinas, somente eram vistas em locais de escritórios e em serviços públicos. A gente tinha a nossa própria máquina. Meu pai era um VISIONÁRIO.

Já vi meu pai saindo de bicicleta para vender algumas coisas que havia sobrado do seu comércio, para pagar uma mensalidade escolar de minha irmã... Depois o vi vendendo a máquina de escrever para pagar outra mensalidade da mesma irmã que estudava no ETEIT. Meu pai fez muita coisa por nós e a gente não via... Ele nos AMAVA...

Ao separar de minha mãe, ele vendeu nossa casa, e sem necessidade de advogado, pegou todo o dinheiro, dividiu em duas partes iguais, ficou com uma e entregou a outra parte para minha mãe, que investiu imediatamente em outra casa para nós. E com sua parte, adquiriu uma casa pequena em um lugar distante... Ele a aumentou, pegando areia no rio, fazendo tijolos de blocos de cimento para construir parte da casa... Ele sempre contava isto com alegria, e eu sentia orgulho dele... Meu pai sempre recomeçava.. Ele ACREDITAVA.

Por onde ele passava, ele próprio construia o forno de tijolinhos, para assar suas massas... pães, bolos, bolachas, tarecos, pudins... e tudo com uma criatividade incrível... Fazia pães em formatos diversos: Jacarés, cobra, peixe. Ele era um ARTISTA.

Foi dono de um time em Virgolândia... Ramalhete Esporte Clube... Tinha em nossa casa, um quarto, onde ele guardava material esportivo... Quatro jogos de camisa de futebol, meiões, tinha até uma rede de volei, tinha várias bolas, de futebol, de volei... Meu pai era um DESPORTISTA...

Já o vi acompanhando um amigo bem mais jovem que ele, e como crianças, destruíram uma casa de maribondo... Aiaiai, quase toda a população foi picada pelos bichinhos... foi uma algazarra só... Soltaram balões a gaz... Isto na década de 70... Meu pai era DIVERTIDO também, e gostava de brincadeiras como uma CRIANÇA.

Mas foram tantas coisas que a gente lembrou que ele fazia... Que achamos injusto, focar em coisas negativas e por apenas não saber se expressar... Ele sabia SER.

Ele falava com as atitudes... Ensinava sem dizer palavras... Amava sem se expressar... Cumpriu sua missão de pai...

Hoje sabemos que nosso pai foi um grande homem...
Ah! se ele estivesse aqui hoje, para a gente falar sobre todas essas coisas... Conhecê-lo mais de perto.... Poder abraçar e dizer que o AMAMOS MUITO!...

GRANDE ZÉ VICENTE... JOSÉ NOS ENSINOU TUDO, JUNTO COM NOSSA MÃE, MARIA!

sábado, 26 de julho de 2025

 


HOJE EU GOSTARIA DE FAZER UMA LEITURA...


Daquelas leituras que me levavam a viver uma vida onde os olhos marejavam, não de tristeza... mas, de emoção; me faziam sorrir baixinho me entretendo com o que lia... Aguçava a imaginação e entrava nos personagens... Fazia parte daquela história.

Que me levava a um mundo diferente do meu, um mundo encantado... que me transformava não em uma espectadora, mas em protagonista...

Aqueles livros da adolescência... Meu pé de laranja Lima, Fernão Capelo Gaivota, O pequeno príncipe... aqueles maravilhosos livros de Machado de Assis... As poesias de Olavo Bilac, Castro Alves e Cecília Meireles...

E de vez em quando, aquelas histórias para  jovens sonhadoras. Romances lindos das revistas Sabrina, Júlia etc... Que me faziam sonhar...  Os pensamentos voavam... 

Lembro-me dos textos comuns em quase todos as histórias:

“Acordava preguiçosamente, tomava um banho, colocava um perfume com aroma suave e refrescante, aquela rouva fresquinha, descia as escadas levemente... e iniciava o dia, naquela manhã ensolarada, com um belo café da manhã; cafezinho quentinho, ovos mexidos e uma fatia de bacon e olhando pela janela, via ao longe os esquilinhos saboreando uma castanha...” rsrsrsrs

Sim. Sempre havia naqueles romances a descrição de um belo café da manhã. Quem nunca entrou naquelas histórias e por um momento, saboreou junto aquele cafezinho?! Se esquecia da sua realidade momentânea... Perdia a noção de espaço e de tempo... Se aconchegava às delícias que eram contadas, com muita criatividade e imaginação.

Hoje quero fazer uma leitura... Mas aquela leitura branda, que não me deixa confusa, nem triste... que não me faz pensar nos problemas cotidianos; que não haja discussão de pontos de vista e ideias. Fazer aquela leitura que não me informa e me ensina... Hoje não quero aprender... Só quero viver. Por um momento só... Me sentir inteira.

Daqui a pouco passa esta vontade... 

A vida ainda é melhor que os sonhos!

sábado, 19 de julho de 2025

 


O CONTENTAMENTO, OS BONS OLHOS ALARGAM OS CAMINHOS...

Hoje lembrando de um tempo bem distante, coisas que vivi quando do meu primeiro emprego, na década de 1980...
Naquele tempo, quando estava com 18 anos, a gente precisava trabalhar para pagar os estudos, pois, o segundo grau era particular. Para se conseguir uma vaga na rede pública era um Deus nos acuda... Hoje, não é assim... a facilidade é grande, e só não estuda quem não quer...

Pois é, eu consegui um emprego dos sonhos naquela época. Meu primeiro emprego foi através de um concurso público municipal, para trabalhar no SAAE – Serviço de água e Esgoto; um lugar lindo, um jardim impecável, tinha um lindo pé de Flamboyant logo na entrada, com aquelas flores vermelhas lindas, como que dando as boas-vindas em todas as manhãs, isto enchia os meus olhos de gratidão...

Aos fundos tinha um gramado, onde no final do expediente, a gente jogava voleyball. Aquele verde do gramado contrastava com céu azul das manhãs ensolaradas... Era ali que ia todos os dias assim que chegava, para agradecer a Deus pela vida, e por estar trabalhando naquele lugar incrível; onde os colegas, não eram somente colegas de trabalho, mas éramos amigos, como uma grande família e nos amávamos muito...
Não raramente, nos fins de semana, preparávamos encontros para um almoço ou passar o dia em uma chácara, numa cachoeira, ou mesmo pegar um cineminha... E as festas de final de ano, na fábrica de manilhas, para todos os funcionários e família... Um churrascão o dia todo, com presentes para a criançada...

Sim! Eu era muito feliz... Via tudo com naturalidade e tudo lindo! Não via maldade em nada... tudo era perfeito.

Lembro-me de uma colega de sala fazer um comentário a meu respeito: De que eu via tudo cor de rosa... Que parecia que eu não tinha problema nenhum, e que eu estava sempre de bem com vida... Com tantos problemas no mundo e eu toda feliz!... Fiquei um pouco confusa naquela hora, não entendendo bem o que ela queria dizer...
Sim! Eu era feliz mesmo, se eu tinha problema, não os conhecia... Mas meu amigo, um dos melhores amigos que já tive em todo tempo, ele era chefe da contabilidade; me ensinou, com muita paciência, tudo sobre o meu trabalho... Eu não tinha experiência quase nenhuma... aprendi tudo com ele. Ele, notando o meu constrangimento, interferiu na conversa, e disse: Deixe-a! Ela tem bons olhos, não tem malícia... e se virou para mim e disse: Continue assim... é muito raro ter pessoas assim...

Sim, continuei por mais um tempinho daquela maneira.

Mas, o tempo passou, e, procurando conhecer mais da vida, ouvindo vozes diversas, me enchendo de mim mesma, me afastei da essência. Me afastei do belo. Já não contemplava a natureza como fazia. Não agradecia a Deus com tanta frequência; comecei achar meu serviço tedioso, já não queria ficar mais ali, comecei a procurar outro... Estava inquieta! Já não notava o Flamboyant, e aquelas lindas flores... Pensei que eu já sabia muito...

Assim, pensei que compreendi a vida, a mim mesma, as pessoas, as intenções e tudo mudou... A caminhada passou a ser mais longa, árdua e com mais obstáculos, às vezes, quase que intransponíveis.

Hoje concluo que o melhor mesmo é manter a simplicidade, a generosidade; sem a necessidade de saber muito sobre tudo. Olhar os detalhes da vida e ver a maior beleza ali... Manter a gratidão a Deus por tudo. Ver o belo além das aparências. Ver o melhor de cada pessoa.

Concluí que manter os bons olhos, é tudo! E que saber menos pode ser mais, e o contentamento revigora a alma!


sábado, 28 de junho de 2025

 COMO UMA ONDA DO MAR... TUDO MUDA O TEMPO TODO.



Como mudamos com o passar do tempo!... Sim, lentamente, quase imperceptível, mas mudamos.

Um dia você acorda e já é quase outra pessoa!

Lá se foi aquele querer estar sempre presente...

Lá se foi aquela vontade de que todos se lembrassem do seu aniversário, que viessem dar aquele abraço de parabéns...

E se não se lembrassem, tomaria a iniciativa de lembrá-los, sem nenhum constrangimento, mas, com alegria, celebrando o início de um novo ciclo...

Lá se foi a busca incansável pelos sonhos...

A vontade de ir para os Estados Unidos e por lá viver... Como quase todos os Valadarenses... Era um sonho de infância... Que foi realizado.

Lá se foram as labutas. O sorriso, a correria, as brincadeiras, os gritos e a alegria das crianças em casa... Os medos, as inseguranças... 

A risada farta; o cantar alto lavando as louças... O falar alto, quase que atropelando; queria se expressar rápido e sobre tudo!

A vontade de encontrar amigos... relebrar as histórias em comuns vividas...

Lembrar das brincadeiras e dos amores de outrora...  Achar graça com os “fora” que levamos, mas sorri com os “fora” que também demos... Na verdade, mais levamos do que demos rsrsrs É a vida!

Sim, tudo isto parece um passado distante ou perto, mas que passou!

Quero me acalmar os pensamentos... Caminhar com passos largos, mas serenos...

Encontrar casual ou intencionalmente aqueles que permaneceram...

Estar aberta a outros conhecimentos...

Não esperar muito de alguém... Todos estão a caminho... E a caminhada às vezes é árdua. Não cobrar nada de ninguém.

Não brigar com o tempo... Dormir preguiçosamente, sem preocupar com o amanhã...

Sorri para o vento, conversar com os pássaros que conquista, alimentando-os, para estar próximo a você.

Serenar a alma... Reclamar menos! Deixar acontecer... Tudo se ajeita, e está se ajeitando.

Se receber uma crítica, silenciar e continuar. Se receber um elogio... Aceitar com serenidade, sabendo que tanto um quanto o outro, a lugar nenhum vai te levar.

E o que importa mesmo, são as experiências vividas, é a fé que nunca deixou... É o acreditar em si, no outro, na vida e sobretudo em Deus e no amor! E seguir!...


sábado, 14 de junho de 2025

 


LEMBRANÇAS DA MINHA INFÂNCIA.

Hoje, sábado, olhando a plantação do meu marido aqui mesmo em nossa casa... Ele ama plantar e cuidar das plantas... Quase todos os dias está ele retirando os matinhos, adubando e à tardinha está aguando... Sabe o nome de todas... 

Eu admiro a jeito dele, a sensibilidade para essas coisas.

Indago: Que planta é esta? E esta? E ele vai respondendo com precisão. Acho lindo!... Tem muda de pé de tudo rsrsrs... Tâmara, graviola, Resedá branco, tamarindo, figo, laranja natal; e os pés já adultos são acerola, fruta do conde, goiaba branca, fora as ervas para uso na cozinha, os cheiros verdes e ervas para chás, aiaiai... E tudo isto cabe em um terreno minúsculo, o pequeno quintal da nossa casa... Precisamos providenciar um local apropriado para levar as mudas e replantá-las...

Hoje deparei com uma erva... que reconheci imediatamente, e me levou ao mundo da minha infância... Conhecia a erva como colchão de noiva, folhinhas miúdas, tenras, macias, verdinhas e muito lindinhas... Meu marido me disse hoje, que  se chama Brilhantina.

Por volta de dez a doze anos... meio entediada com a mesmice da vida de uma criança daquela época, eu ia para o fundo do quintal, perto de uma cisterna de água potável, aquela água que utilizávamos para tudo... e ali cultivava a mesma erva, dizendo para mim mesma que era o meu jardim. Era o meu cantinho, onde vivia a minha vida sem me preocupar com nada mais... Me sentia a dona daquele lugar e do meu jardim.

Passava horas, com meus pensamentos e sonhos, cuidando do meu jardinzinho... Ali me esquecia de todos os infortúnios que uma criança vive... Sempre falo que ser criança não é fácil; quase não é ouvida, às vezes precisa resolver seus problemas infantis sozinha; muitas vezes tem medo e insegurança e não sabe como se expressar para pedir ajuda...  ainda mais quando na casa as crianças são muitas (quase 10) para uma mãe só... rsrsrs.

Mas ali não! Ali no meu jardim eu não tinha problema, não tinha medo nem insegurança. Me sentia dona de mim, somente eu e meus pensamentos, a dona daquele lugar. Falava com as formiguinhas e as joaninhas que por lá apareciam. A imaginação era fértil. Vivia por um tempo em um mundo encantado. Conversava com os meus pensamentos. Era um momento mágico. 

Nunca me esqueci daquela plantinha... Sempre que vejo volto àquele tempo e àquele lugar, onde me esquecia de tudo, apenas vivia.

Algumas vezes sinto vontade de voltar ali, entrar nos meus sonhos e imaginação infantis, por um momento sentir-me inteira.

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