LEMBRANÇAS
DA INFÂNCIA...
Fugindo de pensamentos que me trazem tristeza, em um domingo à tarde. Sem meus filhos por perto, meu marido descansando no quarto, volto ao meu tempo de criança... Onde nossos dilemas eram simples e nossos anseios eram crescer e sair daquele pequeno mundo infantil...
Minha
mãe é que fazia nossas roupas em uma máquina manual de costura daquelas
antigas, uma máquina que ganhara de sua sogra, nossa avó, que chamávamos
carinhosamente de dindinha Nega. A chamávamos assim, acompanhando nossa irmã
mais velha, a Neném... Porque nossa avó era madrinha de batismo dela. Uau!
Quanta explicação! rsrsrs
A
mamãe fez um vestido para mim, em um tecido leve, com bastante caimento, azul
de bolinhas brancas... Para enfeitar ela colocou um grande babado do mesmo
tecido de maneira transversal, do ombro direito até a cintura do lado
esquerdo... Uau! Meu Deus o que era aquilo?!...
Mas
como minha mãe dizia, que eu era uma criança muito tranquila, muito boazinha,
não reclamava, não argumentava, aceitava tudo o que me davam... Só Deus sabe o
que se passava dentro de mim... Uma tristeza profunda, uma vontade enorme de
crescer depressa e sair daquele mundinho que eu havia construído para mim, ou
melhor, que a vida me dera. Eu era uma sonhadora... E queria muito mais do que
era me apresentado.
Eu
não falava para minha mãe que eu não gostava do vestido. Achava o vestido
horroroso... por causa do babado. E minha mãe quase sempre queria que eu fosse
com aquele vestido para a escola. Era um caos para mim...
Eu,
obediente ia sem reclamar, colocava minha pasta onde carregava os cadernos à
frente escondendo o babado e ia para a escola, quando voltava fazia do mesmo
jeito... e assim ocorria toda vez que eu colocava o bendito vestido... Creio
que ao chegar em casa tirava aquele vestido rápido... rsrsrs
Mas
mãe percebe tudo... A gente pensa que não!
Eu
voltando da escola, com a pasta à frente rsrsrs, e minha mãe à porta da casa me
esperando chegar...
Ela
me perguntou se eu estava escondendo o lindo enfeite que havia colocado no meu
vestido, balancei a cabeça afirmativamente... Ela olhou para mim com ternura, e
falou: Mas ele é tão lindo! Porque você não falou, eu teria retirado ele! Me
elogiou muito, que eu era uma criança muito boa, blá blá blá... E retirou o
babado... Ai que alívio!..
Foi
quando eu passei a usar o vestido com alegria, sem precisar esconder...
Sempre
falo... Criança sofre, principalmente crianças da minha época... rsrsrs
Hoje
são lembranças, que nos fazem rir e esquecer um pouco a realidade e feridas de
adultos...
Em
uma tarde de domingo.


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