sábado, 23 de abril de 2022

 


Um lembrança saborosa...

Não sei se é porque sou filha de um padeiro excelente e ex- prorietário de padaria... 

Convivi desde a infância nesse meio entre o local de fabricação e o local de vendas dos produtos.

Ajudava na padaria. Não só eu, mas toda a família, todos os filhos eram envolvidos nas atividades, motivo pelo qual me chama muito a atenção até hoje, tudo que envolve essas massas maravilhosas.

Aqueles pãezinhos saindo quentinho sobre aquela mesa enorme... e muitas vezes eu pegava o pincel passava na manteiga e suavemente deslizava sobre eles, o cheirinho exalava em todo o local... aspirava aquele cheirinho saboroso e pensava: Será que um dia terei saudade de tudo isto?!...

Claro que aquele não era meu trabalho, mas estava ali sempre presente, ajudando em alguma coisa; a passar a massa no cilindro, ajudava a rodar o cilindro manualmente o que exigia muita força, afinal eu era apenas uma criança de mais ou menos nove anos. Ajudava quando era aquela massa mais levinha, claro. Mesmo assim ganhei um pequeno calo na mão... nunca sumiu, o qual hoje, exibo com orgulho, para meu marido e falo sempre: Olha aqui a mão de uma trabalhadora de verdade... desde criança... Ele é obrigado a concordar, pois o calo não me deixa mentir rsrsrs

Muitas vezes nos levantávamos cedinho para ajudar o pai ou ao ajudante dele a colocar os pães para assar... sim tinha de ajudar, tudo tem uma técnica e era uma época em que tudo era feito manualmente e artesanalmente. Ma era uma padaria muito boa na cidade de Virgolândia na década de 70.

E a convivência com a atividade foi intensa... Até que a família se mudou de cidade... Mas aquilo estava no sangue do meu pai. Continuou com os serviços e aumentou o nosso trabalho.

 Ali ele não tinha ajudante. Os filhos mais velhos seguiram seus caminhos... e nós, os mais novos, é que tínhamos de ajudar nosso pai. Ele se levantava de madrugada, fazia tudo sozinho, na hora de assar, minha irmã e eu nos revezávamos para ajudar nosso pai a levar as massas ao forno.

Levávamos os pães para o comércio, o local era minúsculo, porém o movimento intenso dos moradores próximos, para levar o seu pãozinho quentinho para o café da manhã. Tantas pessoas e histórias conheci ali em Governador Valadares.

Meu pai tinha uma criatividade incrível...  além das massas normais, pão doce, pão de sal, pão sovado, confeccionava também o pão tatu, o pão em formato de jacaré, cobra, pães trançados com cada trança linda!... pão de côco, marta-rocha, sonhos, bolachas, tarecos, pudim de pão, pudim normal... Meu pai é um artista!

 O mais lindo é que o meu pai é que fazia o forno... 

Onde meu pai passou ele construiu um forno... E ali iniciava sua jornada na fabricação de pães.


Início dos anos 70, eu era uma criança, até minha idade de 19 anos, época em que passei em um concurso público e deixei de conviver com essa linda e cansativa atividade...

Tudo tem o seu tempo e um aprendizado.