sábado, 19 de julho de 2025

 


O CONTENTAMENTO, OS BONS OLHOS ALARGAM OS CAMINHOS...

Hoje lembrando de um tempo bem distante, coisas que vivi quando do meu primeiro emprego, na década de 1980...
Naquele tempo, quando estava com 18 anos, a gente precisava trabalhar para pagar os estudos, pois, o segundo grau era particular. Para se conseguir uma vaga na rede pública era um Deus nos acuda... Hoje, não é assim... a facilidade é grande, e só não estuda quem não quer...

Pois é, eu consegui um emprego dos sonhos naquela época. Meu primeiro emprego foi através de um concurso público municipal, para trabalhar no SAAE – Serviço de água e Esgoto; um lugar lindo, um jardim impecável, tinha um lindo pé de Flamboyant logo na entrada, com aquelas flores vermelhas lindas, como que dando as boas-vindas em todas as manhãs, isto enchia os meus olhos de gratidão...

Aos fundos tinha um gramado, onde no final do expediente, a gente jogava voleyball. Aquele verde do gramado contrastava com céu azul das manhãs ensolaradas... Era ali que ia todos os dias assim que chegava, para agradecer a Deus pela vida, e por estar trabalhando naquele lugar incrível; onde os colegas, não eram somente colegas de trabalho, mas éramos amigos, como uma grande família e nos amávamos muito...
Não raramente, nos fins de semana, preparávamos encontros para um almoço ou passar o dia em uma chácara, numa cachoeira, ou mesmo pegar um cineminha... E as festas de final de ano, na fábrica de manilhas, para todos os funcionários e família... Um churrascão o dia todo, com presentes para a criançada...

Sim! Eu era muito feliz... Via tudo com naturalidade e tudo lindo! Não via maldade em nada... tudo era perfeito.

Lembro-me de uma colega de sala fazer um comentário a meu respeito: De que eu via tudo cor de rosa... Que parecia que eu não tinha problema nenhum, e que eu estava sempre de bem com vida... Com tantos problemas no mundo e eu toda feliz!... Fiquei um pouco confusa naquela hora, não entendendo bem o que ela queria dizer...
Sim! Eu era feliz mesmo, se eu tinha problema, não os conhecia... Mas meu amigo, um dos melhores amigos que já tive em todo tempo, ele era chefe da contabilidade; me ensinou, com muita paciência, tudo sobre o meu trabalho... Eu não tinha experiência quase nenhuma... aprendi tudo com ele. Ele, notando o meu constrangimento, interferiu na conversa, e disse: Deixe-a! Ela tem bons olhos, não tem malícia... e se virou para mim e disse: Continue assim... é muito raro ter pessoas assim...

Sim, continuei por mais um tempinho daquela maneira.

Mas, o tempo passou, e, procurando conhecer mais da vida, ouvindo vozes diversas, me enchendo de mim mesma, me afastei da essência. Me afastei do belo. Já não contemplava a natureza como fazia. Não agradecia a Deus com tanta frequência; comecei achar meu serviço tedioso, já não queria ficar mais ali, comecei a procurar outro... Estava inquieta! Já não notava o Flamboyant, e aquelas lindas flores... Pensei que eu já sabia muito...

Assim, pensei que compreendi a vida, a mim mesma, as pessoas, as intenções e tudo mudou... A caminhada passou a ser mais longa, árdua e com mais obstáculos, às vezes, quase que intransponíveis.

Hoje concluo que o melhor mesmo é manter a simplicidade, a generosidade; sem a necessidade de saber muito sobre tudo. Olhar os detalhes da vida e ver a maior beleza ali... Manter a gratidão a Deus por tudo. Ver o belo além das aparências. Ver o melhor de cada pessoa.

Concluí que manter os bons olhos, é tudo! E que saber menos pode ser mais, e o contentamento revigora a alma!