sábado, 15 de janeiro de 2011

Você já se sentiu um "peixinho" de alguém?...


Flanboyant - foto retirada da internet, somente para ilustração. O Flanboyant que eu refiro é bem maior do que este.
Pois é, nos idos dos anos 79/80, vivi como se alguém muito forte, que tinha poder para resolução, tipo aquele "poderoso chefão", que pode tudo, aquele que dá uma ligadinha, uma ordem, um toque e... pronto, tudo certo, tudo resolvido, tudo okay! Então este alguém me ajudava... Não o conhecia...
Lembro-me, que tinha 19 anos, e procurava meu primeiro emprego.
Emprego este, que me daria condições para continuar os estudos.
Naquela época, o acesso às escolas públicas de 2º grau era muito restrito; não tínhamos tantas facilidades, como hoje, precisávamos trabalhar para pagar a escola, que era particular...
E procurava o emprego em anúncios de jornais e ouvindo rádios locais, buscando uma oportunidade.
E, um dia ao entrar em um serviço público de abastecimento de água da minha cidade, deparei com um cenário dos sonhos:
Uma construção moderna; na entrada um grande portão e as laterais cobertas por gramas verdinhas e margaridas.
Era um jardim bem cuidado, árvores medianas, delicadamente podadas em formas arredondadas.
E o maior lucho era um enorme pé de flamboyant.
Era primavera e ele estava totalmente florido. Flores lindas vermelhas, em contraste com o céu azul...
Era uma visão esplendorosa aos meus olhos.
E eu naquela inocência da juventude, mente pura, olhando aquele cenário...
Sonhei em trabalhar naquele lugar.
Mas para mim, naquele momento não seria tão fácil. Seria necessário que abrissem um concurso público;
que eu participasse do mesmo, que passasse nas provas, fosse classificada de acordo com o número de vagas, que fosse admitida e mais... Todo esse processo, teria que acontecer, daquele mês de setembro, até no máximo fevereiro do ano seguinte, início do ano letivo.
Que chance eu teria, que tudo isso ocorresse, naquele curto espaço de tempo?!...

E adivinhem só o que aconteceu?!... Do nada, todo esse processo foi realizado e no dia 31 de janeiro de 1979, eu era admitida como servidora pública municipal naquele local.
Concursada e classificada em 5º lugar, havia mais ou menos umas duzentas pessoas participando do concurso. E aquele era o meu primeiro concurso e a primeira conquista.

Ali, trabalhei seis anos. Os dois primeiros anos no departamento de pessoal, os quatro últimos, no setor de contabilidade. Aprendi muito, adquiri experiência valorosa.

Mais tarde, subindo as escadas estreitas e escuras de um edifício, nada chamando a atenção, apenas aglomerados de clientes à espera de atendimento.
Salas pequenas, iluminação fraca, servidores sérios.
Era de um serviço público federal. Serviço estável, também sonho de muitos...
Aí pensei: gostaria de trabalhar aqui, não sei qual foi o motivo. Talvez por olhar mais à frente, serviço público federal, remuneração um pouco maior, talvez, visão de crescimento... Mas sonhei.
Não sei o que ocorreu exatamente, o que sei é que em 1985, era admitida naquele serviço, seguindo rigorosamente o mesmo processo do primeiro: abrir vagas, me inscrever, ser classificada; um agravante: concurso cancelado.
Ano seguinte, fazer novas provas, ser classificada novamente, enfim, ser admitida...

Hoje creio, que o mesmo que me deu a mão para iniciar no primeiro serviço, foi o mesmo que me colocou no segundo, e creio que é Aquele que tem cuidado de mim desde que nasci. Muitas vezes neste caminho, me perdi, e por minha culpa, perdi contatos importantíssimos com Ele. Momentos tristes da minha vida...
Mas, ao me reaproximar, constato que Ele nunca me deixou. Preciso reencontrar urgente dentro de mim, a pureza e a certeza que outrora foram a essência formadora do meu ser.
Consequentemente, tudo parecia mágico; do menor desejo ao maior, tudo, fluía naturalmente.
Era assim que eu acreditava, era assim que acontecia. Sentia-me um "peixinho de Deus".
O Eternamente Todo Poderoso.

Quero trazer à memória o que me dá esperança. Lamentações, 3-21.

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