Ao me mudar do interior de Minas Gerais, Virgolândia, para uma cidade de médio porte, Governador Valadares tivemos que, a família, mudar várias vezes, até adquirirmos nossa casa própria.
E aí "passeamos" pelos bairros da cidade.
Mas teve um, que foi bom demais...
Marcou. Ficou sendo o meu bairro.
Apesar de ser muito simples, pouca infraestrutura.
Na época não tinha calçamento; muito morro, casas pequenas, construções humildes.
Hoje mudou muito, tem ótimas construções, calçamento e tudo mais...
Por lá permanecemos um longo tempo, pois foi onde a família adquiriu a casa própria.
Ao chegar, encontramos pessoas receptivas, amáveis e amigos bacanas. Pessoas como aquelas que havia deixado em minha terra natal. Com mente inteligente, coração puro. Tinham alegria de viver. Eram brincalhões, espontâneos... Juventude forte e feliz! Vizinhos amigos...
A roda de violão; as serenatas nas madrugadas... O bate papo na manicure; a troca de olhares com o respectivo pretendente...
O cumprimento repetitivo ao sair de casa. Parecia a minha cidadezinha do interior...
O gosto pela música... Tentávamos interpretar o sentimento do poeta/cantor em suas composições musicais. Éramos meios intelectuais (rsrs).
E assim sentia-me no meu lugar... Amei morar ali.
A Rua da Várzea (minha rua) de chão batido... Alguns moradores varriam suas portas e aguavam... Ficava aquele cheirinho gostoso... De limpeza, de chão molhado.
A criançada brincava nas ruas.
Um amigo de porte "forte", o Fera (apelido), de mais ou menos, vinte anos de idade, juntava-se às crianças e descia o morro no carrinho de rolimã. Intrigava e irava-se o vizinho e a gente ria...
Esse mesmo amigo carregava o time do bairro em sua Kombi; não me lembro bem o nome do time, mas creio que se chamava Santa Cruz. Fazia voltas mirabolantes com o carro e a gente gritava muito, era uma só algazarra.
Minha irmã Helena e eu acompanhávamos sempre o time. Meu irmão, o Cláudio, fazia parte do elenco. Era bom de bola.
Enquanto nas rádios locais, noticiavam acontecimentos policiais ocorridos na cidade (década 80/90). E muitos desses ocorriam em nosso bairro.
A gente não via nada; não preocupávamos com essas coisas. Não chegavam a nós. Só tínhamos tempo para viver, tempo para os amigos e os afazeres do dia a dia.
O que incomodava, às vezes, era ouvir pessoas não moradoras falando "mal" do nosso bairro... Dizendo que ele era violento.
Mas a gente não queria sair de lá. Amigos encontravam-se todos os dias. A amizade era verdadeira...
Final de semana!... Não tinha outro lugar para ir...
Íamos encontrar os amigos em outras ruas, no próprio bairro...
Bairro Altinópolis, o meu bairro preferido!
Sempre quando visito amigos e familiares naquele lugar, sinto aquela sensação gostosa. Levando meus pensamentos ao tempo em que lá vivi.
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