sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Experiências de vida

Qual a mãe que já chorou dentro da alma e as lágrimas não foram vistas porque caíram dentro do coração?!...
Creio que já ocorreu isso com muitas mães.
Os motivos são vastos... Ver o filho chorando sentindo uma dor e você não poder fazer nada. Vê-lo saindo para o seu primeiro dia de aula e você sentido que não tem mais volta, que dali para frente ele só vai indo... Não é mais aquele serzinho só seu!...
Por ele pedir algo, que no momento você não pode dar...
E minha filha com doze ou treze anos, vendo as coleguinhas da escola cheias de atividades extraescolares. Imagino o quanto elas comentavam! Curso de dança jazz, balé, curso de inglês, capoeira...
Minha filhinha linda, ainda muito nova já sabia do momento da família. Sempre comentava sobre as atividades das colegas com os olhinhos brilhando, cheia de vontade de acompanhá-las... Mas nada mencionava sobre o seu querer. Entretanto eu compreendia que sentia vontade de estar junto com as coleguinhas, comentando e fazendo pelo menos um curso daqueles...
Mas naquele dia... Chegou a mim pedindo se podia fazer o curso de inglês...
Naquela época, morávamos de aluguel, eles estudavam em escola particular, e não era nada fácil, vivíamos dias muito difíceis. Tão difícil o que passávamos, que muitas atividades da infância foram tolhidas dos meus filhos, passeios, viagens de férias, festas de aniversário...
Eu me esforçava mais do que podia para alegrá-los um pouco mais. Contava muitas estórias infantis, passeava na casa da vovó para encontrarem com os priminhos aos domingos e no trajeto parávamos nas lanchonetes, comprava tudo que eles queriam pipoca, chicletes, balas... As mãozinhas ficavam repletas de guloseimas...
Tinha uma quota em um clube da cidade, o Filadélfia. Nos finais de semana íamos. Eles se esbaldavam. Não faltava aquele sorvetão delicioso, duas ou três bolas, com muita cobertura de chocolate e o meu, bem “caprichado” de morango, amo cobertura de morango. Os gritos deles, ainda soam aos meus ouvidos... Sons deliciosos de ouvir, Luuucas, Caaarla, Bruuuno. E eu ali sentada nas cadeiras em volta da piscina, sabendo que estavam seguros, pelos risos altos e os gritos de alegria audíveis – estavam perto, contudo eu ficava atenta a todos os movimentos deles. Às vezes descia no toboágua com eles...
E ao retornar para casa, aquele Xis burguer no Gauchão, na Rua Belo Horizonte... Colocava nele tudo o que tínhamos direito, muito Ketchup, muita maionese... Pedia uma coca-cola de dois litros e fazíamos a festa, conversávamos, sorríamos e íamos embora... Isso uma ou duas vezes no mês. Confesso que era maravilhoso!...
Também não faltava para eles a união, o amor entre a família e a Fé. Ia à Igreja quase todos os dias buscar forças... Mas com eles ia aos domingos. Não faltava nenhum domingo sequer. Lembro-me que, no dia em que a seleção brasileira ganhou o título mundial, num domingo de 2002, chegamos os quatro, meus filhos e eu, na Igreja, para a reunião das dez horas... Não tinha ninguém, todos estavam comemorando o título da seleção. E não era porque a gente não gostava de futebol, Não! A gente queria muito ficar, mas o compromisso falou mais alto. Um obreiro veio ao nosso encontro e perguntou se a gente não estava sabendo que não teria o culto naquela hora. Dissemos que não, fomos em frente ao Altar, oramos e voltamos para casa, passamos o resto do dia comemorando...
Continuando... Calei-me, sem olhar para minha linda, engoli seco, pensando o que iria responder. Ela só queria um curso de inglês... E naquele momento, até para fazer um curso de inglês estava complicado. Não cabia no orçamento...
Deixei meus afazeres, olhei para ela e disse-lhe que não era o momento, assim que desse a colocaria no curso de inglês e nos outros que eu bem sabia que ela queria. Havia falado muito sobre o Jazz...
Como não era acostumada a pedir muito, ou melhor, nada, olhou-me com os olhinhos cheios de lágrimas e disse baixinho: mas é só um curso de inglês!...
Uau!!! Não aguentei... Minhas lágrimas caíram direto no coração, que aquela altura encontrava-se apertado. As lágrimas eram imperceptíveis... Chorei sozinha, nenhum humano conseguia ver. Esse foi o meu choro na alma do qual falei acima. Mas... O meu Pai viu.
Sabem o que Ele fez?!... Uns dois anos mais tarde, concorri ao Green Card para toda a família. Ganhamos e felizes, fomos todos para os Estados Unidos, meu marido, meus três filhos e eu . Uma viagem dos sonhos. A maneira como tudo ocorreu?... Mistérios de Deus!... Só Ele para fazer tudo acontecer de maneira perfeita nos mínimos detalhes... Ele é o Mestre da perfeição. Meus filhos estudaram. Hoje todos eles falam fluente o inglês, também o espanhol.
E o curso que minha filha queria virou fichinha diante das oportunidades que Deus concedeu, não só para ela, mas para toda a família. Oportunidades, que para muitos podem parecer normais e simples... Mas para mim foi maravilhoso e lindo!
Hoje, tudo que escrevi faz parte do passado, mas são experiências vividas e aproveitadas em detalhes. Com agradecimentos constantes...
Amo falar de coisas boas. Que no primeiro momento parecem até tristes, mas sempre tem a volta por cima e aquele gostinho maravilhoso de vitória...
E adoro expressar sobre o cuidado e o amor de Deus para conosco. É muito forte. Se formos verdadeiros e fiéis... Lá na frente veremos o resultado...
E por outro lado, o mundo está repleto de dor, sofrimento, violência, maldade... Por que não expressarmos o que é bom?!... Façamos uma corrente do bem. Caminhemos na contra mão do que se apresentam a nós... E a visão que teremos da vida, com certeza será muito maior e melhor... Eu, cada dia creio mais e mais no amor de Deus para conosco.
“Agrada-te do Senhor teu Deus e Ele satisfará os desejos do teu coração”. Sl 37.4

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