sábado, 23 de maio de 2020

Uma lembrança... Parte II " Se chorar perto de mim, eu me derreto todo" - A Resposta.


Continuação...

O meu pedido a Deus naquele momento era: “Espírito Santo ilumina a minha fala, me faça falar o que vai tocar o coração daquela pessoa”.

Cheguei amassada, cansada, o olho inchado por não ter dormido bem e por ter chorado abundantemente. Lavei o rosto na rodoviária e me encaminhei para o meu trabalho. Não havia agendado nada. Me apresentei e disse que queria falar com o chefe responsável. Não o conhecia. Esperei um pouco. E entrei em sua sala. Havia um outro servidor na sala.

Contei um pouco de minha história e o motivo de estar ali. Queria minha transferência para Governador Valadares. Ele chamou a secretária, pediu para pegar minha ficha funcional. Ela trouxe e junto dois processos, aqueles que continham meus pedidos de transferência. Um, o meu pedido, o outro, o pedido do Deputado. Abriu os processos, leu tudo, vagarosamente e deu o veredito: Não posso te transferir, já está tudo explicado aqui nos processos. Onde você está não tem outro servidor administrativo, somente você; para onde você quer ir, tem muitos. Infelizmente não posso te transferir.

Eu não conseguia abrir a boca, para dizer alguma palavra. Nenhum som saiu. Mas grossas lágrimas começaram a cair dos meus olhos... E por mais que os limpava, não tinha jeito, insistiam em escorrer. E eu envergonhada, pois a última coisa que queria que acontecesse ali, era demonstrar fraqueza e chorar... Já estava decidida, iria pedir demissão, e acabou.
Mas não. Abaixei o rosto e as palavras sumiram e o choro não parava. O outro servidor que ali estava, se levantou visivelmente nervoso e provavemente condoído me ofereceu uma chícara de café, tomei o café e agradeci a gentileza, chorando...

O Chefe Administrativo, que até então estava calado, olhou prá mim e falou com a voz bem forte; Não, por favor não chore! Assim eu me descontrolo. Eu me comprometo com você vou te transferir, você fica somente este mês de dezembro, início de janeiro você vai para sua cidade. Eu me comprometo, você vai a princípio, provisoriamente por dois anos e depois, fica em definitivo.

Whau! Num momento nada. Noutro momento tudo. Como por mágica, as lágrimas desapareceram e os sorrisos apareceram ali naquela sala. E conversamos animados, os três...

Foi aí que ele falou, como bom mineiro: Uai, cadê o choro?!...  E continuou: Menina, você foi no meu ponto fraco. Se tem uma coisa que me faz derreter o coração é uma mulher chorando perto de mim. Se chorar perto de mim, e repetiu, “eu me derreto todo”! Faço tudo o que me pedir... Estou comprometido com você, com a sua transferência.

Meu filho e eu.
Foi aí que me lembrei de minha Oração: “Espírito Santo ilumina a minha fala, me faça falar o que vai tocar o coração daquela pessoa”.

A única coisa que tocaria o coração daquele homem, seriam as lágrimas. Entendi que Deus me respondera ali. Meu Deus, Como O amo! Como está presente nos mínimos e nos grandes eventos de minha vida!

Voltei, trabalhei e me aposentei ali. Trinta e três anos de serviços prestados ao todo. Nesse serviço, no entanto, 27 anos.

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