sexta-feira, 22 de maio de 2020

Uma lembrança - Parte I "O pedido de Transferência e a Oração"...



Às vezes vêm algumas lembranças em nossa mente, e pensamos: como conseguimos resolver aquilo, daquela maneira!... E particularmente penso: Não fui eu. (ponto final).

Pois é. Havia passado em um Concurso Público Federal, sonho de muitos na época  em 1984/1985. E fui trabalhar numa cidade aproximadamente trezentos km da minha terra.
Menina simples, confiante em tudo e em todos; tipo assim, totalmente inexperiente, desprovida de qualquer malícia, para se resguardar diante dos leões da vida. A convivência havia sido até ali somente nas “barras da saia” da mãe e sob os “trancos e barrancos” do pai... rsrsrsrs

Fiquei por lá uns dois anos e meio, e tive meu primeiro filho, e ainda bebê precisei deixá-lo com minha mãe. Voltei ao trabalho. O salário só dava para pagar o hotel onde vivia; não podia nem visitar meu filho direito... Eu agoniada procurava uma maneira, para voltar para minha cidade, através de uma transferência. Que à época era quase impossível, se não tivesse conhecimento com as pessoas que poderiam fazê-lo... E eu não tinha.

Busquei a maneira como podia, Pedi aos superiores, em Gov. Valadares, em Belo Horizonte... Nada! Lembrei-me de um amigo, cujo pai era Deputado Federal, falei para ele minha situação, ele se dispôs a me ajudar e o fez. Porém, não tive sucesso. A resposta sempre a mesma: Precisamos de você onde está, no local para onde quer ir, tem muitos servidores...

Longe da família, longe do meu filhinho, salário baixo, triste, muito triste...
Decidi-me: Peço demissão e volto para casa. Tudo certo.

Mas um amigo e responsável pelo Posto de Atendimento local deu-me um conselho: Vai pessoalmente a Belo Horizonte, conversa com o Gerente Geral, explica sua situação. Você não tem nada a perder. Se ele disser não, aí sim, você pede demissão a ele diretamente...

Assim fiz. Viajei a noite toda, doze horas de viagem... No caminho deu tempo para pensar sobre minha vida, minhas lutas, conquistas, dias felizes e dias nublados e dias muito tristes, que era um dos que estava vivenciando naquele momento... 
Não quero perder o meu trabalho, conquistado com dificuldade através de concurso; duas vezes, pois o primeiro, o qual passei em 7º lugar, foi anulado (suspeita de fraude), o segundo, um ano depois, passei em 4º lugar. E agora, com um filho para criar... Um trabalho, que no momento, pagava pouco,  mas era federal e tinha estabilidade de emprego. A esperança era que um dia poderia melhorar... Como aconteceu gradativamente.
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Havia perdido um noivado, por causa desse trabalho rsrsrs. Um noivado que chegaria ao casamento, provavelmente, e naquele momento era tudo o que eu queria. Mas minha mãe colocava em nossa cabeça (das filhas) que o trabalho era muito importante para uma mulher, pois não precisava sofrer o que ela havia sofrido com nosso pai. Por não ser independente financeiramente, teve que aguentar muita humilhação no dizer dela. Desde criança ouvia aquela conversa, e pensava que era aquilo mesmo. Se não tivesse um trabalho, iria sofrer igual minha mãe... segundo ela; e segundo o que presenciava desde a infância. Meus pais tinham oito filhos e ela dizia que não saiu de casa e do casamento por causa deles, não tinha como cuidá-los.

Quase obrigada, por minha mãe, (rsrsrs) e muito a contra-gosto, mas com muito medo de ficar, e ser um passo errado. Na dúvida, decidi ouvi-la. Não quis contrariá-la em seus preciosos conselhos. Afinal, mãe é mãe e nunca erra... rsrsrs. No mínimo, só quer o nosso bem. E na verdade, por pura insegurança minha; acabei saindo de minha cidade para trabalhar, motivo do rompimento do relacionamento...

Voltando dos meus pensamentos, ali dentro do ônibus, aqui, e ao meu pedido a Deus naquele momento: 

“Espírito Santo ilumina a minha fala, me faça falar o que vai tocar o coração daquela pessoa”.
  

Continua...

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